DAS CLASSES MINISTERIAIS OFICIALMENTE RECONHECIDAS:
Temos disso, uma "súmula" universalmente aceita, inclusive, nos círculos católicos romanos. Assim, segundo as narrativas neotestamentárias (canônicas) os dias apostólicos (séc. I) comportaram exclusivamente DUAS e irrefutáveis classes ministeriais, a saber:
* O Diaconato
Compunha-se, a primeira de ANCIÃOS (Gr.: presbúteroi - πρεσβυτερος ) e a segunda de SERVIDORES (Gr.: diáconos - διάκονος), embora, cronologicamente, a instituição de ambas encontre-se inversamente situada.
Faz-se mister, porém, um breve parêntese acerca das origens do "Presbiterato" - bem como da "Diaconia" - quanto a sua aplicabilidade em períodos pré-cristãos. Ao delegar a organização da primitiva "ekklésia" cretense a Tito, Paulo nada mais faz que reintroduzir ao seio cristão uma modalidade administrativa desde longa data, comum ao contexto semita. De sorte que, com o estabelecimento das sinagogas, o habitual "za·qen", (ancião tribal ou civil) converte-se em ministro religioso, sendo assistido por um servidor (hb.: "eded")... Ainda no âmbito veterotestamentário (conforme já verificado por autores patrísticos), a mesma relação dual vem a repetir-se no chamado "Ministério Profético". Tornou-se, pois, familiar e corriqueiro a todo hebreu a expressão "O Profeta e seu moço" (servo), instaurando-se, desde então, uma sólida e recíproca co-dependência entre ambos. Já no séc.VII (E.C/d.C), as populações árabes, neo-convertidas ao Islã, reintegram o ancião (ar.: "xeque") a sua condição de direito, sendo este, auxiliado por servos (ar: "abd")...
Retornando aos alvores da Dispensação Apostólica, temos na pessoa dos ANCIÃOS cristãos, os recipiendários do primitivo legado, aos quais fora confiado (como incumbência inerente aos seus atributos) o EPISCOPADO (gr.: superintendência/supervisão). Assim, enquanto superintendentes congregacionais (gr.:επίσκοπος), exerciam a continua supervisão eclesial, o que por analogia, remete-nos aos predicados do "pastoreio". Conclui-se, pois, que as expressões ANCIÃO / EPÍSCOPO-BISPO / "PASTOR", referem-se a uma só e mesma pessoa. Quanto à expressão "PASTOR", cabe-nos uma relevante ressalva. O vocábulo assim traduzido (gr.: "poimein"), não faz referência a um "pastor" segundo a concepção atualmente aplicada (distintivo ministerial e/ou título sacerdotal). Atêm-se assim, ao seu componente denotativo ou alegórico. A propósito, as menções a Hebreus, 13:7 / 13:17, deliberada e irregularmente vertidas por "vossos pastores" (gr.: "poimein"), ilustram magistralmente o quadro. A expressão grega originalmente codificada "hegoumenois himón", designa governo e/ou vigilância, ou seja, dirige-se aos oficiais locais, aludindo às funções ou atividades pelos mesmos exercidas, e não ao distintivo ministerial corrente e aceito (Ancião/Presbítero)... Para fins meramente ilustrativos, recorramos à figura de um professor. Este, não obstante, venha a ser habitualmente classificado como "educador" (função e/ou atribuição), nem por isso foi declarado (por ocasião de sua solene formatura) como "educador"... Ao invés disso, a distinção a ele legalmente outorgada foi professor (título e/ou distintivo)... Semelhantemente, as primitivas "ekklésias cristãs", em momento algum (ao longo de todo o Período Apostólico) - elegeram ou ordenaram "PASTORES", antes, ANCIÃOS, aos quais, os afazeres correlatos ao "apascentar" foram conferidos ("Exortação aos Presbíteros Efésios”- Atos, 20:28 )... Faz-se mister, portanto, uma nítida distinção entre dois estados ou condições diametralmente opostos, a saber, FUNÇÃO ATRIBUTIVA e TITULAÇÃO DISTINTIVA. Quanto às "atribuições" elencadas em Efésios 4, 11 e, equivocadamente aplicadas como argumento refutativo - por não poucas vertentes cristãs - referem-se, ora a pessoa do Presbítero-Epíscopo, ora às diversas modalidades de "karismas" então "em voga". Não se pode, portanto, afirmar - sob pena de "lesa-hermenêutica" - que a primitiva "Ekklésia" Apostólica tenha, sob quaisquer circunstâncias, designado "apóstolos", "profetas", "evangelistas", ”pastores” e "doutores" ("mestres") como classe ministerial distinta e, formalmente ordenada ... Diga-se o mesmo, de uma suposta "Classe de COOPERADORES " (Ou "Colaboradores") ... Por essa razão, a Congregação Cristã não ousa incorrer no crasso equívoco de ORDENAR (em caráter "sacramental") aos seus "cooperadores", mas tão-somente apresentá-los como tal. Visto que, se assim o fizesse, forçosamente teríamos que admitir a figura de PRISCILA como membro integrante no rol dos primitivos "cooperadores" cristãos (Romanos, 16:3)... Mas essa, é uma temática à parte...
Pedro, "O Presbítero" (I Ped. V, I-IV)
e sua suposta crucificação sob o governo de Nero
Quanto à segunda Classe (Diáconos - Servidores), nada há a se esmiuçar visto tratar-se de algo patente a todo e qualquer "doméstico" à Fé Cristã, quer no âmbito protestante ou católico romano. Não raro, contudo, tende-se a polemitizar no tocante ao suposto "Diaconato Feminino"... Tal posicionamento lança mão da personagem neotestamentária Febe (Rom. 16:1), à qual se refere o “koiné” (grego-arcaico) utilizando-se de vocábulo similar àquele aplicado aos Diáconos (gr: διάκονος). Mediante tal fato, não poucos apologetas e hermeneutas patrísticos, avalizaram tal conjectura. Dentre eles, temos:
* Justino Mártir, Roma,110-165 d.C.* Orígenes, Egito/Palestina, 185-254 d.C.
* Ambrosiastro, Roma, séc. IV.
* João de Antioquia, Constantinopla, 347-408 d.C.
* Theodoreto de Ciro, Ásia Menor, 423 d.C
Ora, considerando-se a ortodoxia predominantemente verificável entre as diversas vertentes cristãs (rejeição ao diaconato feminino), e a substancialidade dos argumentos contrapostos, pareceu adequado à Congregação Cristã contemporânea, estabelecer uma seleta "classe" de mulheres (preferencialmente idosas e/ou viúvas -"inscritas"), para o exercício das atividades caritativas e/ou beneficentes (tradicionalmente associadas ao Diaconato, em sua finalidade primeira – “Servir as mesas”). Tal é o procedimento em vigor, não agraciando-as, contudo, com o “grau” ou titulo de “diaconisas”. Estas coadjutoras diaconais (“Irmãs da Piedade”) atuam em estreita cooperação com o Corpo de Diáconos, estando-lhes, outrossim, sujeitas no tocante as deliberações e demais projetos inerentes às Obras Pias.
DOS CRITÉRIOS ELETIVOS:
Amigo do bem [ philagathos ] - Que ama o que é bom e benéfico (lit.).
"E ao anjo da igreja que está em ... "
(Apocalipse/Revelação)
Se, acatada como alusiva aos ministros responsáveis pelas "ekklésias" mencionadas, a expressão "anjo da igreja" faz inconteste referência aos primitivos Anciãos, contudo, de maneira restrita a um dentre àqueles que compunham o Presbitério local. Deduz-se, portanto, que as primitivas comunidades apostólicas já atribuíam uma singular notoriedade a um dentre os seus Anciãos "tutelares".
Atendo-nos aos Escritos Deuterocanônicos Neotestamentários (Apócrifos), podemos citar Tertuliano (160-230 d.C.), um dos mais célebres apologetas patrísticos. Em sua Obra “Da Vida Comunitária dos Cristãos”, refere-se aos membros do Corpo Eclesial nos seguintes termos:
Vale lembrar, que mesmo o “Presbiterianismo Clássico”, tende a categorizar seus presbíteros, estratificando em DOCENTES ("Presbíteros-Pastores") e REGENTES (“Presbíteros-Coadjuvantes”).
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